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Pequena Biografia de Allan Kardec

Atualizado: 21 de jul. de 2020

Caros Amigos, (por Leonardo Reis)

Confraternizando com todos as palavras trazidas pela Revista Espírita, edição de maio de 1869, e divulgada na abertura do livro Obras Póstumas, apresentamos uma pequena biografia do nosso ilustre irmão, Codificador da Doutrina Espírita, o professor e filósofo Hippolyte-Léon-Denizard Rivail, conhecido universalmente sob o pseudônimo de Allan Kardec. Interessante registrar que este pequeno relato da Revista Espírita foi publicado quase dois meses após o seu desencarne, que ocorreu em 31 de março de 1869.

A bandeira de Allan Kardec se resumia em três palavras: trabalho, solidariedade, tolerância. Para nós, principiantes no estudo das verdades espíritas, o emérito professor nos deixou um grande ensinamento, qual seja, o de cada um se empenhar em cumprir o seu dever, aquele que lhe foi incumbido, a par de toda questão pessoal, tendo como finalidade o bem geral. Para tanto, aqui estou eu, trazendo a minha humílima contribuição, escrevendo essas poucas palavras, mas na esperança de que as mesmas cheguem aos olhos e ouvidos dos meus irmãos.

O nosso irmão Kardec nasceu em Lyon, na França, a 3 de outubro de 1804, no mesmo ano em que Napoleão Bonaparte troca seu título de Primeiro Cônsul para o de Imperador.

De família tradicional, oriunda das carreiras da magistratura e da advocacia, Allan Kardec optou por destino profissional diverso, mais voltado à ciência e à filosofia. Desde a sua juventude, o seu ímpeto de pesquisador já aflorava em seu gosto precoce pelos estudos edificantes, buscando em primeiro plano o interesse pelo progresso da humanidade.

Foi educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdum, na Suíça, tendo se tornado um dos mais eminentes divulgadores do seu sistema educacional, sistema este que influenciou a reforma na educação que se instaurou na Alemanha e na França. Desde os seus quatorze anos, Kardec já demonstrava suas aptidões para o magistério, promovendo aulas que, mais tarde, iriam formar o seu arcabouço intelectual.

Católico de origem, mas estudante em país protestante, foi vítima de atos de intolerância religiosa. Contudo, este fato foi o que o impulsionou na busca da formação de um pensamento religioso unificador de crenças, buscando conceber uma verdadeira ideia de reforma religiosa. Mas lhe faltava algo, uma bússola que pudesse conduzir suas pesquisas. E seria exatamente, mais tarde, o Espiritismo que lhe serviria de guia nesses estudos.

Fascinado pelas obras sobre educação e moral de Fénelon, e fluente no alemão, buscou traduzir tais obras, além de outras semelhantes, para o francês, ao tempo em que, após concluir seus estudos na Suíça, retorna à França e se torna membro de várias sociedades, como a Academie Royale d’Arras, onde foi premiado, em 1831, com a dissertação: “Qual é o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades da época?”

Entre os anos de 1835 a 1840, fundou, em sua residência à rua de Sèvres, cursos gratuitos de química, anatomia comparada, física, astronomia, etc. Tinha como objetivo tornar os estudos interessantes. Para tanto, criou um método para contar e um quadro mnemônico da história da França, buscando facilitar a fixação dos acontecimentos históricos e descobertas de cada época.

Publicou uma série de obras sobre educação tendo sempre como objetivo levar às massas as luzes do esclarecimento. Mas foi a partir de 1855 que Allan Kardec iniciou suas observações sobre os fenômenos de aparição espiritual. Com tais observações, identificou novas leis naturais em vigor e suas implicações filosóficas, leis estas que regiam as relações entre o mundo material e o mundo espiritual.

Inicia-se, então, a Codificação da Doutrina Espírita sob os auspícios da Espiritualidade Superior: em 18 de abril de 1857, para a parte filosófica, publica O Livro dos Espíritos. Em janeiro de 1861, para tratar da parte experimental e científica, publica O Livro dos Médiuns. Para a parte da moral, em abril de 1864 publica O Evangelho Segundo o Espiritismo. Em agosto de 1865, é publicado O Céu e o Inferno, ou A Justiça de Deus Segundo o Espiritismo. Em janeiro de 1868, é publicado A Gênese, os Milagres e as Predições. A Revista Espírita, jornal mensal de estudos psicológicos se inicia em 01 de janeiro de 1858.

Em 01 de abril de 1858, Kardec funda a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, primeira Sociedade espírita regularmente constituída. Seu objetivo era divulgar todo o conhecimento acerca dessa nova Doutrina que acabava de surgir.

Foi o Livro dos Espíritos a pedra fundamental, o marco formal de surgimento da Doutrina dos Imortais, pois, até então, todo o conhecimento acerca do tema se encontrava de forma esparsa. Coube a este livro iniciar o processo de “codificação” da Doutrina. Dessa forma, em pouco tempo, vários adeptos surgiram, em todos os países, tendo como um dos seus princípios a pluralidade das existências.

O princípio da “fora da caridade não há salvação” se impõe ao velho dogma católico de que “fora da igreja não há salvação”. Igualdade entre todos diante de Deus; tolerância, liberdade de consciência e benevolência mútua.

Há anos Kardec sofria de uma doença cardíaca e, por fim, em 31 de março de 1869, vítima de um aneurisma, o Codificador da Doutrina Espírita deixa definitivamente o palco da vida, doando ao mundo a Terceira Revelação, a Doutrina dos Espíritos, o Cristianismo redivivo, trazendo de volta a pureza das palavras do Mestre Jesus.

Leonardo Reis.


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